
Um protesto contra a privatização das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) terminou em confronto com a Polícia Militar no centro de São Paulo na quinta-feira, 27 de março de 2025. O ato, realizado em frente à Secretaria de Transportes Metropolitanos, foi marcado por tensão após manifestantes, incluindo ferroviários e apoiadores, tentarem pressionar o governo estadual a abrir diálogo sobre a concessão das linhas à iniciativa privada, prevista para o leilão do dia seguinte, 28 de março, na B3. A repressão policial deixou pelo menos 11 feridos, segundo relatos, e três pessoas foram detidas.
A manifestação, organizada pelo movimento Amigos e Familiares dos Ferroviários contra as Privatizações, começou com a ocupação pacífica do prédio da secretaria, mas escalou quando a PM utilizou bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes para dispersar o grupo. Imagens divulgadas mostram manifestantes correndo em meio a fumaça e outros sendo agredidos, enquanto o Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) atuava na Rua Boa Vista. A Secretaria de Segurança Pública justificou a intervenção alegando tentativa de invasão de prédio público e bloqueio de via, mas a violência empregada gerou críticas de sindicatos e movimentos sociais.
Os manifestantes protestavam contra o plano do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que prevê investimentos de R$ 14,3 bilhões em 25 anos de concessão para modernizar as linhas, com promessas de redução no intervalo entre trens e expansão da malha ferroviária. No entanto, os trabalhadores temem demissões e a piora no serviço, citando falhas nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, geridas pela ViaMobilidade desde 2022. Apesar da repressão, o leilão ocorreu como planejado na sexta-feira, 28 de março, consolidando a privatização em meio a forte resistência da categoria.
A ação policial reacendeu o debate sobre o uso da força em protestos e a política de privatizações no estado. Sindicatos denunciaram a falta de diálogo do governo com os ferroviários, que chegaram a suspender uma greve planejada após audiência na Justiça do Trabalho, mas mantiveram os atos públicos. Enquanto isso, a população afetada pelas linhas — que atendem cerca de 830 mil passageiros por dia — segue dividida entre a expectativa de melhorias e o receio de impactos negativos da gestão privada no transporte público.
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