O mundo da moda foi sacudido nesta quinta-feira, 10 de abril de 2025, com o anúncio de que o Grupo Prada adquiriu a Versace por 1,25 bilhão de euros, equivalente a cerca de US$ 1,4 bilhão. A negociação, que vinha sendo costurada há semanas, marca a maior compra nos 112 anos de história da Prada e reposiciona a grife italiana como uma força dominante no mercado de luxo. A Versace, até então sob o guarda-chuva da Capri Holdings – dona também de Michael Kors e Jimmy Choo –, volta às mãos italianas, reacendendo o sonho de um conglomerado nacional capaz de rivalizar com gigantes como a francesa LVMH e a Kering.
A transação ocorre em um momento de transição para a Versace, que viu Donatella Versace deixar o cargo de diretora criativa em março de 2025, após três décadas à frente da marca. Antes, em 2018, a Capri Holdings havia desembolsado US$ 2 bilhões para adquirir a grife, um valor superior ao que a Prada pagou agora. Especialistas apontam que a queda no preço reflete desafios recentes da Versace, pressionada pela ascensão do “luxo discreto” – uma tendência que privilegia peças minimalistas em vez das estampas extravagantes que são a assinatura da marca. Ainda assim, a Prada enxerga potencial para revitalizar esse legado ousado e integrá-lo à sua visão estratégica.
Com essa aquisição, a Prada, que já tem um valor de mercado de aproximadamente 14 bilhões de euros (US$ 15 bilhões), dá um salto para se consolidar como líder do luxo italiano. A Itália, responsável por 50% a 55% da produção global de bens de luxo pessoais segundo a consultoria Bain, sempre teve dificuldade em formar grupos com a escala de seus concorrentes internacionais. “A ambição da Prada de se tornar um conglomerado de luxo italiano líder é um movimento significativo em um mercado dominado por grupos franceses”, destacaram analistas do UBS em nota recente. A compra da Versace pode ser o primeiro passo para mudar esse cenário, trazendo mais peso à moda “Made in Italy”.
A reação do mercado foi imediata: as ações da Capri subiram até 9,6% antes da abertura do pregão em Nova York, enquanto os papéis da Prada em Hong Kong avançaram 4,1%. A expectativa é que a Prada, sob o comando da família de Miuccia Prada e Patrizio Bertelli, aproveite a complementaridade entre as duas marcas para atrair novos consumidores e fortalecer sua posição frente a rivais como a LVMH, avaliada em US$ 300 bilhões. Para os amantes da moda, o futuro promete uma fusão intrigante: o minimalismo sofisticado da Prada com a exuberância rebelde da Versace. Resta saber como essa união vai se traduzir nas passarelas – e nas vitrines – nos próximos anos.
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