O jornalismo e a cultura brasileira estão de luto com a morte de Luiz Antonio Mello, renomado jornalista, radialista e escritor, aos 70 anos, nesta quarta-feira, 30 de abril de 2025. Mello, carinhosamente conhecido como LAM, foi um dos fundadores da icônica Rádio Fluminense FM, apelidada de “A Maldita”, que revolucionou o cenário do rock nacional nos anos 1980. A notícia de seu falecimento foi confirmada pela família, que não divulgou a causa da morte, mas pediu privacidade durante o período de luto.
Nascido em 18 de fevereiro de 1955, no Rio de Janeiro, Mello começou sua carreira aos 16 anos, em 1971, no Jornal de Icaraí, em Niterói. No ano seguinte, ingressou na Rádio Federal, a primeira emissora brasileira dedicada a gêneros como jazz, blues, rock e MPB alternativa, onde atuou como programador, produtor e redator musical. Sua trajetória no rádio incluiu passagens por emissoras como Rádio Tupi, Rádio Jornal do Brasil e Globo FM, além de contribuições significativas como crítico musical em programas de televisão. Em 1981, ao lado de Samuel Wainer Filho, ele idealizou o projeto “Maldita” na Fluminense FM, que se tornou um marco na história da música brasileira.
Luiz Antonio Mello também deixou sua marca como escritor e editor. Ele é o autor do livro A Onda Maldita: Como Nasceu a Fluminense FM, que inspirou o filme Aumenta que é Rock’n’Roll, lançado em 25 de abril de 2025, poucos dias antes de sua morte. O longa, estrelado por Johnny Massaro no papel de Mello, retrata o surgimento da rádio e sua influência na cena musical dos anos 1980. A produção, baseada em fatos reais, celebra o legado de uma emissora que deu voz a artistas como Lobão, cuja fita demo de Cena de Cinema foi tocada na íntegra por Mello, marcando um momento histórico para o rock brasileiro.
Além de sua atuação no rádio, Mello teve uma carreira diversificada no jornalismo e na produção musical. Entre 1985 e 1990, foi consultor de marketing da Polygram, coordenando campanhas de lançamento de álbuns de artistas como Dire Straits, Tears for Fears e Eric Clapton. Ele também foi responsável pela introdução da gravadora Windham Hill Records no Brasil, focada em new age music, e coordenou o projeto “Música dos Anos 1990” pela Warner Music. Sua versatilidade o levou a cargos como presidente da Fundação Niteroiense de Arte (Funiarte) em 1989 e a colaborações com veículos como O Pasquim, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo.
A influência de Mello no rock brasileiro é inegável. A Fluminense FM, sob sua direção, foi um berçário para a geração do rock dos anos 1980, promovendo bandas como Legião Urbana, Titãs e Barão Vermelho. Em entrevista à A Tribuna, ele relembrou o impacto da rádio: “Não tínhamos material de rock o suficiente para abastecer a rádio, mas tínhamos uma riqueza de música brasileira. A relação com os artistas era ótima, e os artistas começaram a chegar à Fluminense.” A rádio também organizou enquetes que influenciaram festivais de música, trazendo bandas internacionais como The Who e AC/DC ao Brasil, a partir de sugestões dos ouvintes.
O falecimento de Luiz Antonio Mello gerou comoção nas redes sociais, com mensagens de pesar de colegas e admiradores. Ele deixa a esposa, Thereza, e três filhos: Luiz, Fernanda e Ana Thereza. O velório está marcado para quinta-feira, 1º de maio, às 10h, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, seguido pela cremação às 16h no Crematório da Santa Casa. Mello deixa um legado que transcende o jornalismo e a música, sendo lembrado como um pioneiro que ajudou a transformar a cultura brasileira e a dar voz a uma geração de artistas e ouvintes apaixonados por rock.
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