Grande São Paulo

Drogas K disparam crise de intoxicações em São Paulo

Em São Paulo, as chamadas “drogas K”, ou canabinoides sintéticos, têm se tornado uma preocupação crescente para autoridades e especialistas em saúde. Essas substâncias, frequentemente comercializadas como maconha sintética, já representam 13% das intoxicações por entorpecentes na capital, segundo dados de 2024. O aumento é alarmante: em 2021, foram registrados apenas 25 casos suspeitos, enquanto no último ano o número saltou para quase 1,1 mil. Produzidas em laboratórios clandestinos, as drogas K são vendidas em embalagens plásticas ou pinos, algumas até disfarçadas como incenso ou sais de banho para burlar a fiscalização.

Os efeitos devastadores dessas substâncias são descritos pelo toxicologista Maurício Yonamine: “Um dos efeitos desses canabinoides sintéticos é provocar uma aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, arritmia, delírios, né? Tem uns surtos psicóticos, tem reações repetitivas, né? E está totalmente fora da realidade assim. É uma pessoa cardiopata, por exemplo, já poderia morrer com fumando um pino desse.” Conhecidas pelo efeito “zumbi”, que deixa usuários em estados de desorientação extrema, as drogas K têm atraído atenção não apenas pelo impacto na saúde, mas também pela dificuldade de controle. A polícia apreendeu mais de 100 kg dessas substâncias em São Paulo apenas em 2024, evidenciando a escala do problema.

Curiosamente, a droga é tão potente que até o crime organizado impôs restrições ao seu uso. “A droga é tão forte que, segundo a polícia, foi proibida pelo próprio crime organizado,” conforme reportado pelo Jornal da Band. A maior facção criminosa de São Paulo teme que o consumo desenfreado atraia maior repressão policial, comprometendo o tráfico de outras substâncias mais lucrativas. Essa decisão reflete a complexidade do mercado ilícito, onde até os traficantes reconhecem os riscos extremos das drogas K. Enquanto isso, a Universidade de São Paulo (USP) intensifica estudos para mapear os efeitos dessas substâncias, colaborando com as autoridades no combate ao problema.

O combate às drogas K exige ações integradas, mas a produção local dificulta a repressão. “Ela [a droga] não chega de fora. Então você não tem como cercar a estrada, é rodovia, rodoviária, você tem que procurar para onde ela vai ser distribuída,” explicou um representante policial ao Jornal da Band. A disseminação em periferias e áreas centrais da cidade, aliada à falta de regulamentação eficaz sobre precursores químicos, agrava o cenário. Para especialistas, além de operações policiais, é crucial investir em prevenção e conscientização, especialmente entre jovens, que são os principais alvos desse mercado. A escalada de casos reforça a urgência de medidas robustas para conter essa crise de saúde pública.

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