A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) abriu as portas para um leilão bilionário que promete transformar o transporte ferroviário na Grande São Paulo, mas a surpresa ficou por conta do número de interessados: apenas dois consórcios entregaram propostas. Na manhã de terça-feira, 25 de março de 2025, a CCR e o Grupo Comporte apresentaram suas ofertas na sede da B3, em São Paulo, para assumir a gestão das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, conhecidas como Lote Alto Tietê. O vencedor, a ser anunciado na sexta-feira, 28 de março, levará um contrato de 25 anos e a responsabilidade de investir R$ 14,3 bilhões na modernização de 124 quilômetros de ferrovias.
O processo, que parecia atrair uma multidão de competidores, acabou revelando um cenário mais enxuto do que o esperado pelo governo estadual. A CCR, já veterana na operação de linhas como a 8-Diamante e 9-Esmeralda, aposta em sua experiência para vencer a disputa, enquanto o Grupo Comporte, que arrematou a Linha 7-Rubi em 2024, quer expandir seu domínio no trilhos paulistas. O Lote Alto Tietê prevê a construção de oito novas estações, reforma de 24 existentes e a eliminação de passagens de nível, além de reduzir o intervalo entre trens – uma promessa de ouro para os 1,3 milhão de passageiros diários projetados até 2040. Tudo isso, claro, se os planos não descarrilarem como em concessões anteriores.
A entrega das propostas ocorreu sob a sombra de uma greve dos ferroviários, suspensa na noite anterior após negociações com a Justiça do Trabalho, mas que ainda reflete a resistência à privatização. O governo de Tarcísio de Freitas segue firme no cronograma, ignorando os ecos de críticas sobre falhas em linhas já concedidas, como as da ViaMobilidade. Enquanto a CCR e o Comporte afiam suas estratégias para o pregão, a população da zona leste de São Paulo e cidades como Guarulhos e Mogi das Cruzes aguarda ansiosa por trens mais rápidos e modernos – ou, pelo menos, por um serviço que não deixe todo mundo na plataforma olhando pro relógio. O desfecho dessa disputa será conhecido em breve, mas já fica a pergunta: menos concorrentes significa mais qualidade ou apenas menos opções?
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