O comércio do Brás, em São Paulo, tem raízes que remontam ao final do século XIX, quando o bairro, inicialmente uma região de chácaras, começou a se transformar com a chegada da ferrovia São Paulo Railway, em 1867, e a onda de imigrantes italianos. Nomeado em homenagem a José Brás, um português que construiu a Capela Senhor Bom Jesus de Matosinhos no século XVIII, o bairro evoluiu de um ponto de passagem para um polo industrial e comercial. A partir dos anos 1970, o setor de confecções tomou o protagonismo, consolidando o Brás como o maior centro de comércio de vestuário do Brasil. Essa trajetória reflete a adaptabilidade do bairro às mudanças econômicas, do café à moda, atraindo migrantes nordestinos, árabes, coreanos e bolivianos que enriqueceram sua diversidade cultural.
Localizado na zona central de São Paulo, entre a Sé e a Mooca, o Brás é hoje um coração pulsante da economia popular, com mais de 5 mil lojas espalhadas por 55 ruas comerciais, como a Rua Oriente e a Miller. Sua importância é inegável: movimenta bilhões de reais anualmente – em 2021, o setor de vestuário no Brasil faturou R$ 194 bilhões, com o Brás como peça-chave – e gera cerca de 600 mil empregos diretos e indiretos. Funciona como um hub de atacado e varejo, abastecendo lojistas de todo o país e atraindo mais de 400 mil visitantes diários antes da pandemia. Além disso, é um ponto de revitalização urbana, com shoppings como o Total Brás e a Feirinha da Madrugada, que opera nas altas horas, oferecendo preços acessíveis e uma experiência única.
Curiosamente, o Brás já foi tão caótico que as “Porteiras do Brás” – cancelas ferroviárias na Avenida Rangel Pestana – levaram quase um século para serem substituídas por um viaduto, inaugurado em 1968 com pombos, fogos e uma corrida de calhambeques. Outro fato intrigante é a Festa de São Vito, celebrada desde 1919, que mantém viva a herança italiana em meio ao comércio frenético. O bairro também é um caldeirão cultural: além dos italianos, a influência de comunidades como a coreana e a boliviana se reflete nas lojas e na culinária local. Para os novatos, uma dica: vá de tênis, leve uma garrafa d’água e prepare-se para barganhar – o Brás é um labirinto de oportunidades onde o passado e o presente costuram o tecido vibrante de São Paulo.
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