Política

Brasil rejeita pedido dos EUA para classificar PCC e CV como terroristas

Governo brasileiro argumenta que facções atuam por lucro, não por ideologia; visita de diplomata americano intensifica debate sobre segurança e cooperação internacional – Imagem: Lucas Dias/GP1

Durante uma reunião realizada na terça-feira (6) em Brasília, o governo brasileiro recusou oficialmente a solicitação dos Estados Unidos para classificar as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A proposta foi apresentada por David Gamble, chefe interino de sanções do Departamento de Estado norte-americano, que liderou uma delegação em encontros com representantes dos ministérios da Justiça, Relações Exteriores e Segurança Pública do Brasil.

As autoridades americanas argumentaram que a designação de “terroristas” permitiria a aplicação de sanções mais severas contra as facções, facilitando o combate a atividades como tráfico de armas e lavagem de dinheiro. Segundo o FBI, o PCC e o CV possuem células ativas em 12 estados dos EUA, incluindo Nova York, Flórida e Nova Jersey. Em 2024, 113 brasileiros tiveram vistos negados por supostas ligações com essas organizações.

O governo brasileiro, no entanto, rejeitou a proposta, argumentando que o sistema legal nacional não enquadra facções criminosas como organizações terroristas, uma vez que suas atividades não têm motivação ideológica, mas são voltadas para o lucro de atividades ilícitas.

A visita de Gamble ocorre em meio a uma política mais agressiva da administração Trump no combate a organizações criminosas latino-americanas, como evidenciado pela recente designação do grupo venezuelano Tren de Aragua como organização terrorista. No Brasil, a proposta encontrou apoio entre políticos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que entregaram à delegação americana um dossiê relacionando as facções brasileiras a atividades terroristas.

Apesar das divergências, o governo brasileiro reafirmou seu compromisso no combate ao crime organizado e na cooperação internacional, destacando medidas como o isolamento de lideranças em presídios federais e o fortalecimento das instituições de segurança pública.

A questão permanece em aberto, refletindo as diferentes abordagens legais e políticas entre os dois países no enfrentamento de organizações criminosas transnacionais.