Grande São Paulo

Paralisação surpresa da Sambaíba causa transtornos na Zona Norte de São Paulo

Na manhã desta segunda-feira, 28 de abril de 2025, uma paralisação inesperada na garagem da Viação Sambaíba, localizada no bairro do Tremembé, na zona norte de São Paulo, gerou transtornos significativos para milhares de passageiros. A interrupção das operações, que começou às 3h50, pegou tanto os usuários quanto a própria empresa de surpresa, resultando em longas filas e superlotação nos pontos de ônibus. A ação, que afetou 39 linhas da companhia, expôs novamente as tensões entre trabalhadores e empresas de transporte na capital paulista.

A paralisação foi desencadeada por um protesto de sindicalistas, que reivindicavam melhores condições de trabalho. Segundo José Carlos de Oliveira, diretor do SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo), a ação partiu de “um grupo pequeno de sindicalistas” que bloqueou a saída dos ônibus. Ele lamentou a falta de aviso prévio, destacando que “não houve qualquer comunicação anterior para que a empresa pudesse organizar o sistema e evitar transtornos aos passageiros”. A SPTrans confirmou que a operação foi normalizada gradualmente a partir das 5h45, mas os reflexos do atraso persistiram ao longo da manhã.

A Viação Sambaíba, responsável por uma das maiores frotas da cidade, com mais de 1,3 mil ônibus, atende a bairros populosos como Santana, Vila Maria e Tucuruvi. A paralisação afetou diretamente o deslocamento de trabalhadores que dependem do transporte público para chegar ao centro e a outras regiões da cidade. Passageiros relataram esperas prolongadas e pontos de ônibus lotados, com muitos precisando buscar alternativas como aplicativos de transporte ou caminhar longas distâncias para acessar outras linhas.

A SPTrans, que gerencia o sistema de transporte municipal, informou que a empresa foi autuada por descumprimento de partidas e lamentou a ausência de comunicação prévia. “A SPTrans lamenta os atrasos praticados sem aviso prévio aos passageiros, prejudicando a população e desrespeitando o prazo legal de 72 horas para comunicação oficial antecipada sobre paralisação de serviço essencial”, declarou a entidade em nota. Além disso, a SPTrans acionou o sistema Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) para minimizar os impactos, utilizando veículos de outras empresas para transportar os passageiros afetados.

O incidente reacende o debate sobre a relação entre sindicatos, empresas de transporte e o poder público em São Paulo. Paralisações surpresa, como esta, não são novidade na cidade. Em fevereiro de 2023, uma ação semelhante da Sambaíba, motivada por demissões e punições a funcionários, afetou 41 linhas e prejudicou milhares de passageiros, segundo registros do Diário do Transporte. A repetição desses eventos levanta questionamentos sobre a eficácia das negociações trabalhistas e a necessidade de mecanismos que evitem que os usuários do transporte público sejam os mais prejudicados.

Enquanto a operação da Sambaíba se normalizava lentamente ao longo desta segunda-feira, a população da zona norte de São Paulo enfrentou mais um dia de dificuldades no acesso a um serviço essencial. A falta de transparência e diálogo entre as partes envolvidas – empresa, sindicato e trabalhadores – evidencia a urgência de soluções mais estruturadas para evitar que paralisações como essa continuem a impactar a rotina da cidade. Para os passageiros, resta a esperança de que medidas preventivas sejam adotadas para garantir um transporte público mais confiável e menos suscetível a interrupções inesperadas.