A Organização Mundial do Comércio (OMC) emitiu um alerta preocupante nesta quarta-feira, 9 de abril de 2025, sobre os efeitos das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Segundo a entidade, a intensificação da guerra de tarifas entre as duas maiores economias globais pode levar a uma queda de até 80% no comércio de mercadorias entre elas. Esse cenário reflete o impacto de políticas protecionistas, como as tarifas retaliatórias que ambos os países vêm implementando, afetando diretamente o fluxo de bens e as cadeias de suprimento mundiais.
A OMC destacou que a disputa, descrita como uma abordagem “olho por olho”, não se limita aos dois gigantes econômicos, que juntos representam cerca de 3% do comércio global. “Essa abordagem ‘olho por olho’ entre as duas maiores economias do mundo traz implicações mais amplas que podem prejudicar seriamente as perspectivas econômicas globais”, afirmou a organização em comunicado. Além disso, a entidade estima que uma divisão da economia mundial em dois blocos distintos poderia reduzir o PIB real global em quase 7% a longo prazo, evidenciando os riscos sistêmicos da escalada.
O aumento das tarifas tem sido uma marca da política comercial recente dos EUA, especialmente sob a liderança de Donald Trump, que voltou a adotar medidas protecionistas em 2025. Em resposta, a China anunciou tarifas retaliatórias, como a de 84% sobre produtos norte-americanos, intensificando o conflito. A OMC prevê que essa troca de sanções comerciais pode desviar fluxos de comércio, afetando não apenas os dois países diretamente envolvidos, mas também economias emergentes e menos desenvolvidas que dependem da estabilidade do mercado global.
Embora o impacto imediato seja mais sentido no comércio bilateral EUA-China, as consequências a longo prazo preocupam especialistas. A redução drástica nas trocas comerciais entre essas potências pode reconfigurar alianças econômicas e cadeias de produção, enquanto o custo de bens aumenta para consumidores em todo o mundo. A OMC reforça a necessidade de diálogo multilateral para evitar um colapso mais amplo, mas, com o mecanismo de resolução de disputas da organização parcialmente paralisado desde o primeiro mandato de Trump, as perspectivas de uma solução negociada permanecem incertas.
Comente!