História

Bandeira do estado de São Paulo

A bandeira do estado de São Paulo, oficialmente adotada em 27 de novembro de 1948, tem raízes que remontam à Revolução Constitucionalista de 1932, um marco na história paulista. Desenhada originalmente em 1888 pelo advogado e escritor Júlio Ribeiro para o jornal “O Rebate”, como proposta de bandeira republicana, ela só ganhou vida oficial após a luta dos paulistas contra o governo de Getúlio Vargas. A derrota militar na revolução não apagou o espírito de resistência, e a bandeira foi resgatada como símbolo de orgulho estadual, sancionada pelo Decreto-Lei nº 16.349 após anos de debates e ajustes.

Sua história começou com um design simples, mas carregado de significado: treze faixas horizontais pretas e brancas, representando os dias e noites de trabalho incansável dos bandeirantes, e um retângulo vermelho no canto superior esquerdo com um mapa branco do Brasil, cortado por um círculo azul e uma estrela amarela – uma homenagem à constelação do Cruzeiro do Sul. Após 1932, o então governador Adhemar de Barros encomendou ao heraldista José Wasth Rodrigues uma versão definitiva, que manteve a essência de Ribeiro, mas com proporções ajustadas para uso oficial. Desde então, ela tremula como um grito silencioso de identidade.

A bandeira é um ícone da força econômica e cultural de São Paulo, estado que lidera o PIB brasileiro e abriga a maior metrópole da América do Sul. Durante a Revolução de 32, tornou-se um estandarte de luta por autonomia e contra o centralismo de Vargas, refletindo o lema “Pro São Paulo, Fiant Aliia” (“Por São Paulo, que se façam os outros”). Hoje, é hasteada em prédios públicos, escolas e até tatuada na pele de paulistas orgulhosos, simbolizando um passado de pioneirismo e uma mentalidade que não se curva fácil.

Geograficamente, a bandeira está ligada ao coração do estado: São Paulo, a capital, onde foi concebida e onde tremula com mais frequência. Localizada em todos os 645 municípios paulistas, ela marca presença desde o litoral de Santos até o interior de Ribeirão Preto, mas é no Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa na capital, que ganha destaque oficial. Sua presença é obrigatória ao lado da bandeira nacional em cerimônias, como manda a Lei nº 145, de 1948, reforçando sua posição como emblema estadual em uma das regiões mais populosas e diversas do Brasil.

A função da bandeira é clara: identificar e unificar. Ela serve como um selo de pertencimento para os mais de 44 milhões de habitantes do estado, sendo usada em eventos cívicos, esportivos e até em protestos – como em 2013, quando reapareceu nas ruas contra o aumento das tarifas de ônibus. Além disso, é um símbolo de memória coletiva, evocando a herança dos bandeirantes e a revolta de 32, enquanto projeta a imagem de um estado que se vê como locomotiva do país. É mais do que tecido colorido; é um pedaço de história hasteado.

A bandeira de São Paulo quase foi outra: em 1932, o Movimento Constitucionalista usou uma versão improvisada com faixas verticais, mas ela não pegou. Outra pérola é que o vermelho, preto e branco não têm consenso absoluto sobre seu significado – há quem diga que o vermelho é o sangue dos bandeirantes, enquanto outros veem uma ligação com a bandeira italiana, devido à imigração no estado. E tem mais: em 2006, uma lei estadual proibiu seu uso em propagandas comerciais, pra evitar que virasse estampa de camiseta barata em liquidação.

Em 2019, o governo estadual lançou uma campanha para reforçar seu uso nas escolas, e há quem jure que ela já foi confundida com a do São Paulo FC por desavisados – o que não é de todo absurdo, já que o clube também bebe da identidade bandeirante. Seja na Praça da Bandeira, no centro da capital, ou em um mastro improvisado no interior, ela segue firme, lembrando que São Paulo é mais do que um estado: é um jeito de ser, costurado em treze faixas e um mapa que não deixa ninguém esquecer.

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