Arte e Cultura

Discobiografia Mutante: uma viagem pelos álbuns que transformaram a música brasileira

Autora: Chris Fuscaldo
Ano de lançamento: 2018
Editora: Garota FM Books

“Discobiografia Mutante: Álbuns que Revolucionaram a Música Brasileira” é um livro lançado em 2018 pela jornalista e escritora Chris Fuscaldo, publicado pela editora independente Garota FM Books. A obra, bilíngue (em português e inglês), mergulha na trajetória discográfica da banda Os Mutantes, um dos grupos mais influentes da música brasileira. Resultado de uma campanha de financiamento coletivo no Catarse, o livro combina pesquisa histórica, análise musical e anedotas pessoais para celebrar o legado de Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias e outros músicos que passaram pela banda. Ele se destaca como um tributo à criatividade e à irreverência que marcaram a contracultura dos anos 1960 e 1970.

O tema central do livro é a revolução musical promovida pelos Mutantes, que transcenderam o rock’n’roll tradicional ao misturar elementos do psicodelismo, da Tropicália e da experimentação sonora. Chris Fuscaldo explora como os álbuns da banda, desde o homônimo “Mutantes” (1968) até obras mais recentes, desafiaram convenções e influenciaram gerações no Brasil e no exterior. A obra reflete sobre o impacto cultural desses discos em um período de repressão política, destacando a ousadia de um grupo que usou a música como forma de resistência e inovação em meio à ditadura militar.

O resumo do livro foca na análise detalhada de cada álbum dos Mutantes, começando com o marco de 1968, que completa 50 anos no ano de lançamento da obra. Fuscaldo descreve as circunstâncias de criação de discos como “Os Mutantes”, “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (1970) e “Jardim Elétrico” (1971), entre outros, destacando colaborações com artistas como Jorge Ben e a evolução do som da banda. O texto também aborda os altos e baixos da carreira do grupo, incluindo dissoluções e retornos, oferecendo uma narrativa cronológica que conecta a discografia à história pessoal de seus membros e ao contexto sociocultural brasileiro.

“Discobiografia Mutante” está ligado à efervescência cultural dos anos 1960, quando a Tropicália emergiu como resposta à repressão da ditadura militar no Brasil. Os Mutantes, formados em São Paulo, foram protagonistas desse movimento, combinando influências internacionais como os Beatles com elementos da música brasileira. O livro foi lançado em 2018, aproveitando o cinquentenário do primeiro álbum da banda, um momento de reflexão sobre seu impacto duradouro. A obra também dialoga com o crescente interesse por resgates históricos na música brasileira, atendendo a um público nostálgico e novos fãs atraídos pelo revival do psicodelismo.

Chris Fuscaldo, a autora, é uma jornalista, pesquisadora e cantora nascida no Rio de Janeiro, formada em Jornalismo e Letras, com mestrado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade. Desde 2002, ela coleta entrevistas e materiais sobre os Mutantes, consolidando essa paixão em “Discografia Mutante”. Antes disso, assinou “Discobiografia Legionária” (2016), sobre a Legião Urbana, e lançou o álbum autoral “Mundo Ficção” (2017). Sua experiência em veículos como O Globo, Extra e Rolling Stone Brasil, além de sua atuação como biógrafa musical, dá credibilidade e profundidade ao trabalho, que reflete seu amor pela banda paulistana.

Os números relacionados ao livro impressionam pela capilaridade do projeto. A campanha no Catarse arrecadou mais de R$ 40 mil para viabilizar a publicação, um sucesso que demonstra o interesse do público. Os Mutantes, foco da obra, venderam milhares de discos ao longo de sua carreira, com o álbum de estreia estimado em cerca de 30 mil cópias na época – um número significativo para o mercado brasileiro dos anos 1960. O livro, por sua vez, alcançou leitores no Brasil e no exterior graças à edição bilíngue, ampliando o alcance do legado da banda, que já era cultuada em países como Estados Unidos e Reino Unido.

São Paulo é um elemento essencial na narrativa de “Discobiografia Mutante”, pois foi o berço dos Mutantes e o palco de sua formação em 1966. O livro menciona locais icônicos da cidade, como os estúdios onde os álbuns foram gravados e os espaços culturais que abrigaram o movimento tropicalista. O evento de lançamento em São Paulo, realizado em agosto de 2018 na Livraria Cultura, reforça essa conexão, reunindo fãs e músicos para celebrar a obra. A cidade, retratada como um centro de inovação artística, é o pano de fundo para histórias como a da capa do primeiro álbum, fotografada em um cenário improvisado na capital paulista.

Entre as curiosidades, destaca-se a revelação de que a toalha de mesa na capa do disco “Mutantes” (1968) foi comprada pela mãe de Rita Lee em um bazar de igreja, um detalhe que humaniza a produção. Outra anedota envolve Jorge Ben Jor, que, além de compor “A Minha Menina”, imitou Chacrinha durante a gravação. O livro também traz a descoberta de uma música inédita composta pelos Mutantes com Tim Maia, revelada em 2018 pelo Estadão, adicionando um elemento surpresa à pesquisa de Fuscaldo. Essas histórias, somadas ao sucesso do lançamento – que incluiu um evento no Rio de Janeiro –, mostram como “Discobiografia Mutante” é tanto um trabalho de fã quanto uma contribuição acadêmica à memória musical brasileira.